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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O fantasma norte-americano


O fantasma norte-americano

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Texto publicado na edição impressa de 16 de fevereiro de 2016

Circulou nos últimos dias a informação de que o governo federal deu sinais de pânico diante da possibilidade de os Estados Unidos (EUA) entrar em recessão econômica. A presidente Dilma e seus ministros estariam apavorados com a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano começar a declinar, o que teria efeitos desastrosos sobre o Brasil. Quando eclodiu a crise financeira mundial em 2007/2008, a economia brasileira estava em boa situação, as exportações geravam receitas elevadas em face do consumo da China e o PIB estava em fase de crescimento. Hoje, a situação é muito diferente.
Os efeitos de uma recessão nos EUA sobre o Brasil, neste momento, seriam graves em função da coleção de péssimos indicadores da economia nacional, tais como PIB em declínio, desemprego em alta, inflação acima de 10%, contas públicas desequilibradas, dívida pública crescendo perigosamente e empobrecimento social. Nessa situação, um novo fator de crise, como uma recessão norte-americana, teria enorme poder de aumentar a pobreza brasileira e ampliar o caos social. Infelizmente, a possibilidade de uma recessão nos EUA é concreta, a julgar pelos últimos acontecimentos naquele país.
Sem demagogia, o que o governo precisa é dizer o que fará se piorar o cenário internacional


A crise financeira que começou nos EUA em 2007 teve como causa principal as intervenções governamentais desastrosas na economia, cuja raiz remonta aos anos oitenta, quando o governo lançou a tese de que todos cidadãos norte-americanos teriam direito a possuir a casa própria. Foi criada a legislação de financiamento de imóveis, e duas agências estatais garantidoras das dívidas bancárias – a Fannie Mae e a Freddie Mac – foram abertas, ao lado de um sistema hipotecário estranho que possibilitava a compra de dois ou mais imóveis pela mesma família.
Embora seja atribuída à ganância dos banqueiros, aquela crise decorreu de políticas estatais e de brechas na legislação usadas por famílias e por bancos, criando o caos que gerou a chamada “bolha imobiliária do subprime”. A grave crise financeira norte-americana se espalhou pelo mundo, o Tesouro Nacional do EUA endividou-se exageradamente – para o que contribuíram sobremaneira os gastos com a guerra do Iraque –, e agora o presidente Obama está se comportando da mesma forma que o governo brasileiro: quer sufocar o povo com aumentos de tributos para tentar consertar a bagunça financeira estatal.
Lá como cá, o déficit público é elevado, a dívida do governo é imensa, o governo inchou demais, e a população está sendo chamada a pagar a conta dos equívocos do setor público. Por isso, a recessão norte-americana pode acontecer, e o governo brasileiro está assustado com as consequências internas em razão da relevância dos EUA para os negócios internacionais do Brasil.
A soma da retração econômica da China mais eventual recessão nos EUA é pesada para o Brasil no momento em que a economia nacional está em frangalhos.
Lula dizia que a crise financeira mundial era uma marolinha para o Brasil e que o país estava forte e saudável. Como a economia brasileira resistiu bem nos anos iniciais da crise, o governo do PT atraiu para si os louros da resistência brasileira.
Entretanto, a presidente Dilma vive dizendo que a queda do consumo na China, a crise internacional e eventual recessão norte-americana são os fatores responsáveis pela crise brasileira, repetindo o mantra típico dos políticos no poder de que o sucesso é mérito do governo e o fracasso é culpa dos outros. O nome isso é “demagogia”. O que o governo precisa é dizer o que fará diante da possibilidade de piora no cenário internaciona

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